A cantora paulista Patricia Marx está de volta às plataformas digitais para lançar o álbum “Marxwado” (Lab 344), desta vez junto com o cantor e compositor catarinense, radicado em Maceió, Wado. O encontro dos dois se deu por intermédio da amizade em comum com o cantautor Sergio Martins (Sergiopí), fundador do LAB 344, selo pelo qual o álbum foi gravado. Depois de uma colaboração em uma regravação do hit de Caetano Veloso “Aquele frevo axé” (Caetano e Cezar Mendes), o trio sentiu uma vibe de trabalho, devido a longa experiência de todos, decidindo levar o projeto adiante. O disco traz sete faixas, sendo cinco parcerias de Wado.
Patricia conta que a ideia do álbum surgiu quando fez a participação em “Aquele frevo axé”. “Achei tão bonita a concepção, as nossas vozes juntas... Então, fiz uma playlist com músicas antigas, com clássicos como 'Me deixa em paz', de Monsueto, Maysa, enfim, muita coisa antiga que faz parte da minha vida musicalmente. Wado ouviu, extraiu o melhor e transcreveu. Transformou aquilo tudo em uma linguagem mais atual, num campo mais indie, MPB indie.”
A surpresa, ao ouvir as releituras, foi enorme. “Achei tão incrível que fiquei meio chocada e levei uma semana para ouvir com calma, entender aquele conceito e aquela estética”, lembra a cantora. “Como sou movida a novidades, pensei: 'vou experimentar, vou tentar construir esse lugar novo para mim como cantora”, detalha. Daí, nasceu “Marxwado”. O álbum foi feito à distância, pois Wado mora em Alagoas e Patricia em São Paulo.
Entre as sete faixas do disco, a artista gravou “Minha voz, minha vida”, de Caetano, que foi gravada também pela Gal Costa (1945-2022). “É uma canção que escutava quando me dei conta que cantava. Devia ter uns 5 ou 6 anos. Gal é a maior referência para mim, como voz. Me encontrei nesse canto dela. Tenho uma relação de afeto, como se ela fosse madrinha, mãe da minha voz. 'Minha voz, minha vida' tem essa representação bastante profunda para mim.”
Patricia também não para. Ela acabou de sair do programa “The masked singer” (Globo) e agora está divulgando esse trabalho com o Wado. “Estou pensando em cinco coisas ao mesmo tempo, não paro nunca. Sou elétrica na questão de ideias. Agora estou me preparando para fazer vestibular para entrar na faculdade pois quero fazer psicologia. Minha meta mesmo é psicanálise, mas ela exige uma graduação. Como não tive tempo antes, porque estava trabalhando, vou fazer agora. Sou mesmo uma escutadora profissional por causa da música, da minha personalidade mais introspectiva e agora estou na descoberta desse novo ser, psicóloga. Faço psicanálise há mais de 10 anos e passei a amar.”
Patrícia começou na música aos 6 anos, atuando como caloura no programa do Chacrinha. “Tenho todos os vídeos e VHS, nunca passei para o digital. Mas, profissionalmente, comecei aos 9 anos, antes mesmo do Trem da Alegria, que era comigo, Luciano Nassyn, Juninho Bill e Vanessa Delduque”, relembra a artista.
Sobre pegar estrada com o novo disco, Patricia não descarta a possibilidade de visitar as montanhas mineiras. “Adoro Minas e seria muito legal se apresentar aí. Eu e Wado estamos montando o show e espero poder apresentá-lo aos mineiros. Até acho que ele é a cara de Minas.”
Com repertório escolhido pela própria Patricia e algumas inéditas de Wado, a obra de quase 20 minutos se mostra um coringa na carreira dos dois artistas. “Sair da minha zona de conforto me fez transitar com liberdade por campos melódicos, o que há muito tempo não acontecia”.
Entre as músicas selecionadas pela dupla, além de “Minha voz, minha vida” (1982) e do samba “Me deixa em paz” (1951), o álbum traz parcerias de Wado com Adriano Siri (“Melhor”), Glauber Xavier (“Com a ponta dos dedos” e Fernando Coelho (“Bom parto”). Essa última, com letra inédita, fala dos locais próximos da tragédia que acometeu Maceió , onde mais de três bairros foram evacuados por conta da mineração predatória. Outra surpresa de “Marxwado”é o samba “Orvalho”, canção inédita de Wado ,feita em parceria com Zeca Baleiro e Vitor Peixoto. A letra da inédita´“Bom Parto” fala dos locais próximos da tragédia que acometeu Maceió (AL), onde mais de três bairros foram evacuados por conta da mineração predatória.
A canção “Com a ponta dos dedos” é uma regravação de um dos maiores sucessos de Wado. A nova versão do artista com Patrícia ganha elementos de bossa cubana, que remete tanto a João Donato quanto a Beach House. “Vozes Trans”, outra inédita composta por Wado. em parceria com Vitor Peixoto, foi lançada como single em outubro do ano passado.
Com produção de Wado, as gravações contaram com Vitor Peixoto (violão), Igor Peixoto (baixo), Rodrigo Sarmento (bateria) e Dinho Zampier (teclados). Marx registrou seus vocais em São Paulo, captados por Fabio Hataka e Jair Donato, que mixou e masterizou.