segunda-feira, 27 de julho de 2020

PATRICIA MARX SEMPRE FOI DA BOSSA


Outra matéria muito boa com Patricia Marx recentemente foi a publicada pelo jornal Folha de Pernambuco, no ultimo dia 16/07, tanto em sua versão impressa quanto na online. Para quem não leu, reproduzimos aqui, lembrando que s matéria original está no site: 

 https://www.folhape.com.br/cultura/patricia-marx-sempre-foi-da-bossa/147334/


Por Germana Macambira 

Aleatoriamente, em meio a letras adolescentes, lá estava “Viva Sonhando”, canção de Tom Jobim, ocupando o lado A do LP “Paty” (1987), na estreia solo da cantora e compositora Patrícia Marx. Mas aos 13 anos, recém-saída do infantil Trem da Alegria, foi no embalo de “Festa do Amor”– hit de sucesso do disco - que a artista paulista ganhou palcos em programas de TV. 

“Era muito nova para decidir um futuro”, ressalta ela, sobre a época em que exaltar a bossa nova já lhe era um desejo – a ponto de “brigar” com a gravadora (RCA) para incluir a interpretação. 

“Foi com muita dificuldade, porque era um disco pré-adolescente e a música não era o perfil do álbum”, explica ela aos 46 anos e com os mesmos instintos de outrora, explorar o movimento de Tom, Vinicius, Elizeth Cardoso e João Gilberto, sendo a este último a quem ela dedicou “João”, EP com releituras do musicista baiano “pai da bossa nova”.  

“Tenho uma playlist grande dele, escolhi entre muitas as que eu gostaria de gravar inicialmente”, conta ela que das cinco faixas selecionadas, não hesita em afirmar a preferida. “Caminhos Cruzados, sempre canto em casa. Aliás, do álbum ‘Amoroso’ sei todas as notas. É o que mais amo”, confessa, mencionando o disco de João Gilberto de 1977  – e que três décadas depois foi listado pela Rolling Stone Brasil entre os cem maiores da música brasileira. 

“Estate”, “Once I Loved”, “Você Vai Ver” e “Brazil com S” completam o EP, gravado semanas antes da pandemia e que pode ganhar, no futuro, uma segunda parte. 

Com estilo que percorre de cancioneiros indianos, passa por Mozart e Ravel e deságua na bossa e no jazz, Patrícia Marx se define na música como “uma mistura de tudo”, citando também como referências Gal Costa, Elis Regina, Billie Holiday e Stevie Wonder, entre outros.

 Diversidade que, no entanto, não lhe retirou assinatura vocal própria e afinação levada, por exemplo, pelo aconchego das cordas do violão do músico Willie Daniel, que a acompanha no EP "João".

Vivendo a quarentena de sua casa “no mato”, como ela mesma descreve, é com os bichos que divide o mesmo teto, enquanto espera esse “período estranho” passar.

“Ando um pouco oca para compor ultimamente, é uma ginástica viver entre dois mundos: no meu que é lúdico, canceriano, e interno de sonhos e ideias e no mundo insano, exterior, com as coisas que estão acontecendo em nosso País, com essa política que nos deixa abandonados como cidadãos e seres humanos. Talvez num pós-pandemia eu tenha bastante repertório íntimo para escrever algo”, adianta.

Não adepta das lives, embora pense em “talvez elaborar melhor esse novo formato”, é sem oscilar que ela se confessa nostálgica da música, das coisas antigas e do apego “ao que já existe, ao que foi bom”.

Detentora de mais de uma dezena de álbuns de estúdio e com carreira internacional que a levou a degustar sonoridades da Europa e do Japão – para este último ela gravou o disco “Neoclássico” (1992) pela Cameratti – Patrícia Marx, em paralelo ao trabalho em que celebra João Gilberto, percorre um caminho de descobertas. 

Em meio à pandemia ela vive “o momento presente” com prospecções para um futuro também de bossa. “São planos fazer um álbum inteiro do João Gilberto, me apresentar com o trabalho, viajar para o exterior, porque o projeto é bonito e apreciado lá fora”.




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