Resenha de EP
Título: João
Artista: Patricia Marx
Gravadora: Polophonia/ LAB 344
Cotação: ****
LINK POSTAGEM ORIGINAL: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2020/06/29/patricia-marx-canta-joao-gilberto-com-apuro-em-ep-de-beleza-atemporal.ghtml?fbclid=IwAR2xpUuHNkoQEWJ618POrY_vGVtRCj5v4cElLhGFA4PjAPuee0PpW0Z_9vg
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Para quem insiste em identificar em Patricia Marx a cantora infanto-juvenil do grupo Trem da Alegria ou a estrela adolescente de discos titubeantes produzidos dentro dos padrões industriais dos anos 1980, ouvir o EP João pode causar estranheza ou mesmo incredulidade. Porque o João do título do disco lançado em 26 de junho é ninguém menos do que João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (10 de junho de 1931 – 6 de julho de 2019), um dos grandes nomes – talvez o maior – da música brasileira feita para público e intérpretes de alta estatura.
Aos 46 anos, completados no domingo, 28 de junho, a paulistana Patricia Marques de Azevedo encara esse repertório como a cantora adulta invisível para muita gente grande que ainda não saltou do trem da infância e da adolescência.
Neste EP com cinco músicas gravadas pela artista somente com o toque cool do violão de Willie Daniel, Patricia canta João com o apuro já sinalizado em abril pelo single que apresentou a abordagem de Estate (Bruno Martino e Bruno Brighetti, 1960), canção italiana que, vestida de bolero, foi refinada pelo canto de João em gravação do álbum Amoroso (1977).
Na sequência, em maio, o single com a regravação de Once I loved (O amor em paz, Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1960, em versão em inglês de Ray Gilbert, 1965) reafirmou a habilidade da cantora para dar voz ao repertório do criador da Bossa Nova com reverência à estética minimalista do cantor baiano, mas sem tentativas vãs de clonar o estilo inimitável de João.
A suavidade do violão de Willie Daniel contribui para evocar todo o universo da bossa sem emular a célebre batida diferente. O violão de Daniel simplesmente se harmoniza bem com a voz de Patricia – e essa voz trilha Caminhos cruzados (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1958) com emissão de beleza potencializada nos vocais feitos pela cantora nas passagens sem letra da gravação.
Puristas poderão argumentar, com certa razão, que Marx nada acrescenta aos sambas Você vai ver (Antonio Carlos Jobim, 1980) e Brasil com S (Rita Lee e Roberto Carvalho, 1982), este sendo a grande sacada do repertório por rebobinar música gravada por João com Rita Lee, em álbum da cantora, a convite da roqueira mais bossa nova do Brasil.
Contudo, o fato é que, justamente por ter resistido à tentação de “atualizar” o repertório de João Gilberto nessas cinco gravações captadas ao vivo em estúdio, Patricia Marx se sai bem e apresenta disco de valor atemporal como o cancioneiro a que dá voz com classe e como a cantora adulta que seguidores antigos da artista precisam ouvir com mais atenção.
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