Nosso amigo Isac Santos também participou das homenagens aos 30 anos do álbum Quero Mais, publicando um texto ótimo e cheio de informações sobre esse marcante trabalho de Patricia Marx — que reproduzimos aqui no blog:
Os 30 anos do disco “Quero Mais” de Patrícia Marx.
Em 1995, o cenário musical foi extremamente rico em âmbito mundial. No Brasil, o ano foi fundamental para o surgimento de bandas que misturavam rock e elementos regionais, como os Raimundos, Skank e Chico Science & Nação Zumbi, que popularizaram o movimento manguebeat. Foi um divisor de águas também para alguns dos maiores nomes da MPB que lançaram discos definitivos em suas carreiras, desde Gal Costa, passando por Ivan Lins, Chico Buarque, Jane Duboc, Milton Nascimento, Alaíde Costa, Emilio Santiago, Selma Reis, Vânia Bastos, Marina Lima, Fernanda Abreu, Mônica Salmaso, Guinga, Fátima Guedes, Claudia Telles, Joyce Moreno, em álbuns que ecoam primorosos e atemporais três décadas depois.
Já popular, famosa, reconhecida e premiada no Brasil e no Japão, desde a infância, Patrícia Marx lança o disco “Quero Mais”, um marco em sua carreira e segundo disco da parceria com Nelson Motta, com músicas que ressoam até hoje, e são obrigatórias em seus shows. É o sexto disco solo da carreira da cantora e compositora e um clássico do Pop Nacional. Abrangendo sua discografia completa, considerando o disco lançado com o título “Clube da Criança” e os trabalhos no grupo “Trem da Alegria”, esse foi o seu décimo trabalho.
A sonoridade de “Quero Mais” é voltada para os gêneros dance music, pop e rhythm and blues.
Ela mergulha de corpo e alma numa atmosfera dançante, com muito estilo, visual novo – sensual, e provocante. Da mesma forma que seu antecessor, as gravações e a mixagem ocorreram nos Estados Unidos, sob a produção de Motta e Tuta Aquino. Destacam-se canções cujos compositores tornariam-se famosos na posterioridade, tais como: Jorge Vercillo em "Novos corações" e Max de Castro (filho do lendário cantor e compositor Wilson Simonal), em "Meu fogo".
Além de ser a canção que nomeia o sexto álbum de estúdio de Patricia Marx, "Quero Mais" entrou na trilha sonora da novela "Quem é Você", sinopse de Ivani Ribeiro, assinada por Solange Castro Neves, exibida no clássico horário das 18 horas da Rede Globo. Mesmo com um trio de protagonistas de peso (Elizabeth Savalla, Cássia Kiss, e Francisco Cuoco), e uma história interessante - para os padrões do Ibope da época, a novela não foi bem, o que interferiu no sucesso da trilha sonora, e a faixa “Quero Mais” passou em branco.
Esse disco lançado em 1995 também apresentou a faixa "Sei Que Você Não Vai", versão de "Never Can Say Goodbye" do grupo Jackson 5. O disco trouxe também "Espelhos D'água", (já apresentada na edição especial do disco anterior), tema da primeira "Malhação" (Rede Globo) desse mesmo ano. A regravação de “Espelhos D’água” se tornaria definitiva e indissociável do repertório da cantora. Um marco em sua trajetória.
André Santana e Tuta Aquino se encarregaram dos arranjos de todas as faixas do disco. Max de Castro se une à dupla na canção de sua autoria “Meu Fogo”. Max de Castro marca presença também com sua guitarra em quase todas as faixas, com exceção de “Acontece” e “Vamos Dançar”. Em “Vamos Dançar” (Ed Motta e Rafael Cardoso) a guitarra de Max de Castro não comparece. Entra o vocoder de André e Tuta.
A recriação de “Acontece” de Cartola surpreende, e mostra a capacidade da cantora imprimir sua alma em tudo o que canta, conferindo identidade e sua assinatura. O arranjo de Cid Teixeira somado ao talento da dupla André e Tuta enriquece a moldura inusitada criada para a releitura.
Na verdade, no disco Patrícia Marx mistura de forma elegante, charmosa e coesa, Marvin Gaye, Glória Gaynor, Ed Motta, Cartola, Lady Zu, Michael Jackson.
Ouvido 30 anos depois da gravação, o álbum “Quero Mais” soa coeso e atemporal porque a boa música não tem prazo de validade. Destaque para a emissão vocal extremamente afinada, e os arranjos. E de certa forma ajudou a definir um pouco do estilo que a cantora seguiria. Posteriormente sua carreira atravessaria novas fases, com outras adesões e abordagens, mesmo assim, ainda hoje é nítido a contribuição do álbum na identidade da cantora. Contudo, merecia mais visibilidade e justiça, pois trata-se de um marco na discografia pop brasileira.
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