quinta-feira, 28 de março de 2013

CRÍTICA DO SHOW POR MAURO FERREIRA

O crítico Mauro Ferreira esteve no Net Rio e fez uma crítica muito bacana do show, vale a pena ler!

Resenha de show
Título: Trinta
Artista: Patricia Marx (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 26 de março de 2013
Cotação: * * * 

Após abordar Rock with you (Rod Temperton, 1979) em tom suave, em registro que diluiu a pegada funk-pop-disco do sucesso de Michael Jackson (1958 -2009), Patricia Marx avisou ao público do Theatro Net Rio que iria cantar uma música que compusera pouco antes de entrar em cena. Era pegadinha com os fãs que, em sua maioria, estavam lá na noite de 26 de março de 2013 para ver e ouvir a cantora dar voz aos hits de sua fase infanto-juvenil na estreia carioca do show Trinta. Na sequência, Marx começou a cantar Te cuida, meu bem (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1987), música de seu primeiro disco solo, Paty, o LP de 1987 que também trouxe Festa do amor (hit que os fãs pediram em vão no bis). Contudo, não era a adolescente Paty que estava em cena. Era a Patricia Marx, uma cantora adulta, de 38 anos, que filtrou os hits de sua fase teen pela estética neosoul que dá o tom elegante, mas linear, de seu recém-lançado CD Trinta. Por conta da habilidade de Marx e do suingue black de sua banda, formada por músicos como o tecladista Filiph Neo e o baterista Sorry Drummer, baladas fabricadas em linha industrial por hitmakers - caso de Cedo demais (Chico Roque, Ed Wilson e Carlos Colla, 1988), entoada por Marx em tom quase sussurrante - vestiram bem essa roupagem mais adulta e nem destoaram tanto da arquitetura de temas bem mais recentes como Despertar (Patricia Marx e Bruno E, 2002) - reminiscência do álbum Respirar (2002), gravado na fase em que a cantora se tornou mãe e se converteu ao budismo - e Burning luv. (Patricia Marx, Robinho, Marcelo Maita e Ivan Carvalho, 2004), representante do disco em que Marx adotou o neosoul recorrente nos arranjos do disco e show Trinta. Em cena, a elegância e a afinação da artista amenizam eventuais redundâncias dessa estética neosoul. De cara, quando Marx entra em cena e dá voz a Espelhos d'água (Dalto e Claudio Rabello, 1983) - canção que a artista gravou com certa repercussão em seu álbum Quero mais (1995) - fica claro que o show tem classe e charme. Nessa cena blackCedo ou tarde (Patricia Marx, Bruno E., Filiph Neo e Sorry Drummer,2013) - música inédita do disco Trinta, apresentada pela cantora em dueto com o tecladista Filiph Neo, seu parceiro na música - se ajustou com perfeição ao espírito neosoul do show. Mais tarde, já com o collant que constitui o figurino da segunda metade do show, Marx injetou alguma sensualidade na melancolia de Quando chove - versão em português de Nelson Motta para a canção italiana Quando chiove (Pino Daniele), gravada originalmente pela cantora no disco Ficar com você (1994) - e elevou os tons de Ficar com você, versão de Nelson Motta para I wanna be where you are (T-Boy Ross e Leon Ware, 1971), hit da fase inicial de Michael Jackson (1958-2009). No bis, o groove de Tudo o que eu quero (Patricia Marx, Bruno E., Filiph Neo e Sorry Drummer, 2013) reverbera a pegada black do show. Aos 38 anos, Patricia Marx faz a festa do amor adulto. Podem barrá-la na festa ploc!

Link do post original:

Um comentário:

  1. Crítica muito bem feita, de extremo bom gosto assim como tudo que a Paty faz! Parabéns.

    ResponderExcluir